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Eu, visitando o que restou da casa de Ascenso Ferreira. Em Palmares, Pernambuco, Brasil. |
Todas
as vezes que vou danada pra Palmares
na
tua casa tenho vontade de chegar
uma forte
energia me atrai.
Lá
te vejo em teus quase dois metros
e mais
de cem quilos de pura cultura
usando
teu inseparável chapéu de palha.
Te escuto
recitando teus poemas
é uma
mistura de sensações boas e ruins
poesia e indignação
versos
em ruínas
estrofes
destruídas
cadências em metralhas
ritmos em entulhos.
Leio
teus livros nos pedaços das paredes
da casa
lavada pelas águas do Rio Una
com
perfume de enchente
e
sabão de desprezo.
Bagunça
longe de ser arrumada
porque
costuraram os olhos.
Sinto
raiva de mim
por ser
tão pequena assim
e não
poder sozinha fazer a faxina necessária
faxina
de pedra sobre pedra.
Ao
adentrar os “cômodos”
sinto
o aroma do café de dona Maroca
misturado ao forte cheiro do teu charuto
misturado ao forte cheiro do teu charuto
e imagino
ter sido escrito nesta casa
um dos
teus poemas mais citados
mas dessa
“Filosofia”
perdoe-me
grande poeta
devo
de ti discordar
pois
quando estou em meio aos escombros
perco
a hora de comer, dormir
e sei
que não devo vadiar
muito
menos colocar as pernas para o ar.
Devo
de alguma maneira trabalhar
para
essa tua casa levantar.
(Para o maior poeta palmarense: Ascenso Ferreira)
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